segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Carta para você.

Filho (ou filha),

Faz ainda pouco tempo que soube de você. Confesso, sinto-me ligeiramente perdido. Deliciosamente perdido. Feito motorista que esquece o caminho ao admirar a paisagem bonita da janela, feito o viajante que, num país estranho, nem liga se vai chegar a algum lugar pois as novidades são muitas.

Ser pai, que coisa mágica, meu pequeno. É de perder o fôlego, é de sentir frio na barriga, é de vir aquele arrepio na espinha. Grande descoberta: eu já amava você antes da concepção. Hoje sinto mais amor ainda. Saber que você existe é como respirar, essencial, necessário, obrigatório.

Por falar em coisas bonitas, você precisava olhar para sua mãe agora (se é que já não o faz). Ela está mais linda do que nunca. Um brilho no olhar que ninguém consegue apagar, uma luz que ofusca tudo, estonteante. Não sei se hoje vocês são duas pessoas, talvez sejam uma só por enquanto, toda essa delicadeza da maternidade é assunto deveras difícil de entender para nós machos.

Ah, que confusão, meu amor. Os últimos dias foram repletos de sentimentos difusos, com milhares de incertezas, porém uma verdade é absoluta: vocês são o motivo da minha existência.