Filha, hoje você completa um ano. Uma ótima data para voltar
a escrever para você, já que as letras andaram sumidas por aqui. Sim, demorei a
escrever. Mas as palavras têm saído da boca aos montes e o sentimento, este só
cresce a cada dia.
Há doze meses vi uma mágica acontecer. Tudo muito rápido,
você veio ao mundo, encostei no seu rostinho, senti seu cheiro. Fiquei sem
conseguir falar por horas naquele dia, chorei aos montes feito uma criança. Desde
então tenho pensado nesta coisa que é ser seu pai. Muito difícil explicar.
Quando o tempo chegar você vai saber como é se apaixonar. A
gente fica esperando por horas a pessoa e, quando ela aparece, vem um frio na
barriga, um arrepio na espinha, falta de ar. E após alguns meses a paixão
passa.
Pois é isso que eu sinto, só que neste caso este frio na
barriga ainda não passou. Ele vem de manhã, quando você acorda, à noite, quando
chego do trabalho, durante a tarde, sempre.
Seu pai, minha pequena Luiza, é louco de paixão por você.
Alucinado, doente. Ver você, pegar-lhe no colo, tudo é como respirar.
Tolos os pais que pensam que sem eles os filhos não
existiriam. Sou eu é que não existo sem você.