quinta-feira, 17 de março de 2011

Vivendo sem roteiro.


 Filha, quando você crescer um pouquinho vai descobrir, talvez até mesmo antes que eu consegui o fazer. O fato é que durante a vida somos todos um pouco atores. Vão passando os anos e percebemos que desempenhamos diversos personagens, às vezes propositalmente, outras sem querer.

Seu pai aqui já fez vários papéis memoráveis. Papel de vítima quando fora abandonado por uma paixão (coisas da adolescência). Papel de durão para parecer forte num momento difícil. Papel de palhaço por conta de gente que não vale nada. E papel de sensível, papel de amigo, papel de vilão, entre tantos outros.

Agora, estou prestes a fazer o papel mais importante da minha história, o de pai. Ando estudando para isso, milha filha, tomara que eu acerte. Ainda não sei muito como fazê-lo, porém tenho uma certeza: desta vez vou ser coadjuvante para você brilhar.

quarta-feira, 16 de março de 2011

Raios solares.

Oi, minha flor. Hoje o dia amanheceu cinza. Acontece muitas vezes aqui em nossa cidade, você vai ver. Um ventinho frio embalou minha preguiça e, por conta disso, demorei um tempo a mais para sair da cama. Fiquei escutando o barulho do chuveiro, reconfortante sempre, pois ele me mostrava que você e sua mãe estavam por perto.

Manhãs assim me deixam levemente melancólico, sinto falta das cores da primavera. E o calor, mesmo quando reclamo, ao menos alegra a rotina do trabalho.

Não tive grandes inspirações até o momento, nem sorri o suficiente por tudo o que tem acontecido em minha vida. Confesso, vez por outra me sinto ingrato por isso. Mas o fato é que realmente as horas estavam sem graça. Pelo menos até agora.

Subitamente uma alegria terna invadiu-me o corpo e, de tanta quentura, cheguei a arregaçar as mangas. Não por uma boa notícia da televisão, nem por algo bacana do trabalho. A felicidade veio simplesmente porque lembrei que você vai chegar. E o sol brilhou dentro de mim.

Amo mais você a cada dia.


segunda-feira, 14 de março de 2011

Vou adorar assistir.


Eu comprei um DVD com vários episódios dos Trapalhões. Era o programa preferido da minha infância, passava aos domingos e, impreterivelmente, eu estava na frente da televisão neste dia.

Talvez você não goste, ache muito antigo, mas eu queria que você assistisse comigo um pouco. Luiza, eu demorei para saber disso, só percebo agora que também sou pai. Quando a gente tem um filho (no meu caso filha), volta um pouquinho aos tempos de menino e tenta reviver tudo. Mais do que isso, a gente pretende dividir os momentos de felicidade infantil com aquela pessoinha que acaba de chegar. E a minha felicidade dominical era ver as trapalhadas do Didi, do Dedé, do Mussum e do Zacarias.

Por isso, quando for a hora, prometo estourar um enorme balde de pipocas, comprar Coca-Cola e fazer um piquenique na sala de TV contigo. Você deita no meu colo, a gente coloca o DVD dos Trapalhões e assiste junto.

E se você achar chato, não tem problema, não precisa fingir, eu tiro o filme. Afinal, meu olhar não estará mais na tela e sim em você, Luiza, meu amor.

quarta-feira, 9 de março de 2011

O Carnaval ainda vai começar.


 Filha, não sei quando que você vai entender o que é Carnaval. Acontece uma vez por ano, as pessoas se vestem de um jeito meio esquisito, fazem coisas meio esquisitas e carregam uma alegria igualmente esquisita, sem motivo aparente. Mas é divertido, haverá o seu tempo de aproveitar essa folia tão tupiniquim.

Hoje é quarta-feira de cinzas, o dia em que terminam as festividades. E posso dizer que minha fantasia deste último Carnaval foi inédita em minha vida: a de pai.

Esqueci minha falta de talento para realizar tarefas manuais e montei móveis, arrumei a casa, tudo para deixar o palco pronto para sua chegada. Luiza, quando você chegar vai ser um Carnaval. E também vai ter muita alegria, mas com um motivo real para acontecer: você.