quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Conversas de gente pequena para gente grande gostar.





Papai, mamãe, vovó, vovô. Ota, gáco, cáco, au au. Papá, desce, eite, esse, oto. É seu, é meu? Olhaaaaaaaa.  Cuidado, dodói, póta, xecha. Cáo, cotoca. Pipiu. Qué cocó. Pô. Olhaaaaaaaaa. Ôto. Minina, nenê.

Para você, as primeiras palavras. Para mim, pura poesia.

Amo você, minha lindinha.

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Chorando.


Filha,

Eu já tinha avisado, mas você nunca tinha visto. Pegou-me no flagra esses dias. Eu estava com os olhos marejados. Sim, meu amor, seu pai também chora. Mas só em último caso.

Isso me faz pensar, essa coisa de segurar o choro é bobagem, sabia? Vocês, crianças, é que são mais evoluídas e choram quando precisam soltar um sentimento. Nós, não. Ficamos segurando nossa mágoa, nossa dor e, quando caímos em pranto, o fazemos escondidos. Feito você quando rabisca a parede ou abre o armário do banheiro. A diferença é que deveria ser permitido a todos chorarem à vontade.

Confesso, fiquei preocupado. Mas você não fez nada, nem expressão de assustada, nem cara de quem ia choramingar junto. Você simplesmente sorriu. Com muita graça, como se entendesse que eu precisava de um ânimo.  Tão pequeneninha, tão generosa. Tão nova, tão sábia.

Então a gente combina assim: quando você me vir triste, dê outro sorriso. Ele é capaz de espantar todas as mazelas da vida. E me fazer eternamente feliz.

Eu amo você.

quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Sobre saudade.




Oi, filha.

Hoje, na hora do almoço, vi um casal que se despedia. Ele colocava malas no porta-malas de um taxi, ela aguardava. Depois, abraçaram-se feito fossem ficar anos sem se ver. Não sei se era o caso, mas você vai descobrir um dia: quando amamos alguém, algumas horas podem parecer tempo demais.

E é assim que me sinto diariamente ao vir para o trabalho. Dar tchau para você tem sido mais custoso conforme você vai crescendo.

Você simplesmente acena. Ou me dá um beijo. Ou me olha enquanto entro no carro. Incrível, você não chora, não faz birra, simplesmente fica observando eu e sua mãe saírmos.

Meu sentimento deve ser parecido com a despedida do tal casal que pude analisar. Carregado de amor, afeto e muita vontade de ficar.

Ontem sua avó me disse que você falou “papai”o dia inteiro. Pois eu digo que neste mesmo momento eu me mantive calado. E por dentro gritava: Luiza.

Filha, eu sinto muita saudade de você o tempo todo. Pode se lembrar disso para sempre!

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Um pai muito agradecido.




Filha, hoje pensei numa coisa. De tudo o que escrevi até hoje para você, neste quase um ano e meio, faltou algo muito importante que tenho a dizer: muito obrigado.

Agradeço assim, numa gratidão cheia do que existe de mais terno, simplesmente por você me ensinar que a poesia está em cada canto da casa, em todos os minutos do dia, em diversos lugares por onde passo.

Agradeço por você me mostrar que há graça em ligar o ventilador e ficar olhando as hélices girarem. E depois rir do vento no rosto, delisgar e ligar novamente muitas vezes, feito isso fosse o máximo.

Agradeço também por você adorar gritar na sacada do apartamento para escutar o eco. É o seu jeito de conversar e conseguir uma resposta de você mesma, que hábito mais sábio esse seu. Agradeço por você deixar eu entrar na brincadeira.

Queria falar que sou igualmente grato por você gostar de pegar o lencinho umedecido e sentir o cheiro. E depois passar em seu rosto, bem geladinho. E depois passar no meu, compartilhando a descoberta. Apontar meu nariz, meus olhos, apertar meu lóbulo. Olhar para mim como se eu fosse alguém muito importante.

Luiza, meu amor, um dia você vai descobrir que por vezes o mundo amanhece cinza. E você, artista que é, consegue colorir tudo sem fazer esforço algum.

Um beijo do seu pai que ama o seu jeito de fazer poesia.


sexta-feira, 12 de outubro de 2012

12 de outubro de 2012.





Filha, hoje é Dia das Crianças. E também é o dia que você completa um ano e cinco meses. Precisávamos comemorar.

Ontem você viu macarrão na casa da vovó e quis (mesmo já tendo almoçado). Não pude deixar você comer de novo, estávamos atrasados para o médico. Você chorou, me senti culpado.

Então seu pai aqui inaugurou as comemorações preparando um molho à bolonhesa que você tanto gosta. Também cozinhei penne que você tanto gosta. E dei a comida para você, algo que eu tanto gosto.

Acabou que agora você decidiu comer sozinha. E foi aí que comecei a voltar à infância. Você se lambuzou de molho, enfiou macarrão em minha boca, derrubou no chão, a maior farra. Eu ri como há muito não fazia. Foi gostoso demais.

Hoje eu entendo quando minha mãe, minha vó, insistem para eu repetir um prato. Não há nada mais delicioso do que ver um filho se esbaldando de comer algo que você acabou de preparar. E você, generosa como sempre, fez isso por mim.

Depois brincamos no sofá. De fazer trimilique. As pessoas não sabem brincar de trimilique, mas você e eu sabemos e isso já basta. Você gargalhou a melhor da risadas, bom demais.

Você dormiu, acordou com o vovô Gersão e a vovó Zezé aqui. Trouxeram presentes. Você adorou.

Agora, sua mãe dá banho em você enquanto escrevo. E penso o seguinte: eu sempre achei que nós, pais, éramos responsáveis por inventar um mundo lindo para os filhos morar. Que era nosso dever criar histórias e belezas para vocês viverem felizes. Me enganei. Luiza, meu amor, é você quem faz meu mundo ser cheio de poesia todos os dias. Um beijo do seu pai apaixonado por você. Feliz Dia das Crianças.

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Ciumeira


Ah, doce flor do meu jardim
Que nasceu tão de repente
Queria tê-la só para mim
Mas sorri para toda gente

Cá eu fico um pouco assim
De ciúme bem doente
De um amor que não tem fim
De um sentir sempre presente

E ao vê-la encantada
Penso no que aconteceu
Mundo é grande, sou quase nada
E este mundo é todo seu:
Céu, lua, noite estrelada
Inclusive eu


terça-feira, 31 de julho de 2012

Uma lição para o papai.


Filha, amanhã é seu primeiro dia de aula. A gente tentou achar um lugar muito bacana para você ir. Lá tem bichinhos, árvores que dão frutas, brinquedos e outras crianças.

Achei que fosse fácil e natural mandar um filho para o colégio, ledo engano. Passam por mim sentimentos difusos, mistura de alegria por poder enviar você a um local especial e receio por estar um pouco mais distante. Mas vai dar tudo certo, insisto em pensar.

Faz parte da vida, dizem. Inclusive essa coisa de ter medo, também faz parte. Eu só queria que esse medo fosse só nosso, da sua mãe e meu, somos adultos e sabemos lidar com ele.

Então vamos combinar assim: você vai, brinca, conhece muita gente nova. Use seu charme, com sua idade tão pequena, ele já funciona. Distribua sorrisos e gentilezas como tanto você tem feito desde que nasceu. Pode deixar escapar um chorinho, é permitido. Seu pai vai ficar forte, sério, rijo.

O meu choro, meu amor, acontece por dentro. E você só vai descobrir que aconteceu quando puder ler estas linhas.

Amo você.