Filha, hoje pensei numa coisa. De tudo o que escrevi até
hoje para você, neste quase um ano e meio, faltou algo muito importante que
tenho a dizer: muito obrigado.
Agradeço assim, numa gratidão cheia do que existe de mais
terno, simplesmente por você me ensinar que a poesia está em cada canto da
casa, em todos os minutos do dia, em diversos lugares por onde passo.
Agradeço por você me mostrar que há graça em ligar o
ventilador e ficar olhando as hélices girarem. E depois rir do vento no rosto,
delisgar e ligar novamente muitas vezes, feito isso fosse o máximo.
Agradeço também por você adorar gritar na sacada do
apartamento para escutar o eco. É o seu jeito de conversar e conseguir uma
resposta de você mesma, que hábito mais sábio esse seu. Agradeço por você
deixar eu entrar na brincadeira.
Queria falar que sou igualmente grato por você gostar de
pegar o lencinho umedecido e sentir o cheiro. E depois passar em seu rosto, bem
geladinho. E depois passar no meu, compartilhando a descoberta. Apontar meu
nariz, meus olhos, apertar meu lóbulo. Olhar para mim como se eu fosse alguém
muito importante.
Luiza, meu amor, um dia você vai descobrir que por vezes o
mundo amanhece cinza. E você, artista que é, consegue colorir tudo sem fazer
esforço algum.
Um beijo do seu pai que ama o seu jeito de fazer poesia.
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