segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Um pai muito agradecido.




Filha, hoje pensei numa coisa. De tudo o que escrevi até hoje para você, neste quase um ano e meio, faltou algo muito importante que tenho a dizer: muito obrigado.

Agradeço assim, numa gratidão cheia do que existe de mais terno, simplesmente por você me ensinar que a poesia está em cada canto da casa, em todos os minutos do dia, em diversos lugares por onde passo.

Agradeço por você me mostrar que há graça em ligar o ventilador e ficar olhando as hélices girarem. E depois rir do vento no rosto, delisgar e ligar novamente muitas vezes, feito isso fosse o máximo.

Agradeço também por você adorar gritar na sacada do apartamento para escutar o eco. É o seu jeito de conversar e conseguir uma resposta de você mesma, que hábito mais sábio esse seu. Agradeço por você deixar eu entrar na brincadeira.

Queria falar que sou igualmente grato por você gostar de pegar o lencinho umedecido e sentir o cheiro. E depois passar em seu rosto, bem geladinho. E depois passar no meu, compartilhando a descoberta. Apontar meu nariz, meus olhos, apertar meu lóbulo. Olhar para mim como se eu fosse alguém muito importante.

Luiza, meu amor, um dia você vai descobrir que por vezes o mundo amanhece cinza. E você, artista que é, consegue colorir tudo sem fazer esforço algum.

Um beijo do seu pai que ama o seu jeito de fazer poesia.


sexta-feira, 12 de outubro de 2012

12 de outubro de 2012.





Filha, hoje é Dia das Crianças. E também é o dia que você completa um ano e cinco meses. Precisávamos comemorar.

Ontem você viu macarrão na casa da vovó e quis (mesmo já tendo almoçado). Não pude deixar você comer de novo, estávamos atrasados para o médico. Você chorou, me senti culpado.

Então seu pai aqui inaugurou as comemorações preparando um molho à bolonhesa que você tanto gosta. Também cozinhei penne que você tanto gosta. E dei a comida para você, algo que eu tanto gosto.

Acabou que agora você decidiu comer sozinha. E foi aí que comecei a voltar à infância. Você se lambuzou de molho, enfiou macarrão em minha boca, derrubou no chão, a maior farra. Eu ri como há muito não fazia. Foi gostoso demais.

Hoje eu entendo quando minha mãe, minha vó, insistem para eu repetir um prato. Não há nada mais delicioso do que ver um filho se esbaldando de comer algo que você acabou de preparar. E você, generosa como sempre, fez isso por mim.

Depois brincamos no sofá. De fazer trimilique. As pessoas não sabem brincar de trimilique, mas você e eu sabemos e isso já basta. Você gargalhou a melhor da risadas, bom demais.

Você dormiu, acordou com o vovô Gersão e a vovó Zezé aqui. Trouxeram presentes. Você adorou.

Agora, sua mãe dá banho em você enquanto escrevo. E penso o seguinte: eu sempre achei que nós, pais, éramos responsáveis por inventar um mundo lindo para os filhos morar. Que era nosso dever criar histórias e belezas para vocês viverem felizes. Me enganei. Luiza, meu amor, é você quem faz meu mundo ser cheio de poesia todos os dias. Um beijo do seu pai apaixonado por você. Feliz Dia das Crianças.