Sou do tempo da bala Soft, filha. Nem sei se ainda existe tal guloseima. E muito menos sei se um dia você vai conhecê-la.
As Soft eram coloridas, lindas, porém bem duras e escorregadias. O terror de pais, pois não conseguíamos mastigá-las e, por isso, ficavam por horas na boca. Um perigo, num deslize fatal, a bala entrava por nossa garganta e ficava entalada causando engasgos, tosse e outro sintomas indesejáveis.
Garçons adoravam dar balas Soft para as crianças após uma refeição. Seria uma vingança pela bagunça, sujeira e barulho exacerbados? Pode ser.
Por que estou contando isso? Pelo simples fato de que agora, mesmo antes de você nascer, sei como funciona a cabeça de um pai preocupado. E também entendo a vontade de não tirar um momento de prazer do filho.
Vai chegar o dia, Luiza, que muitas balas Soft estarão pelo seu caminho. E você vai me olhar com aquela expressão de “posso, pai?”
Acho que vou dizer sim nesta hora, minha filha, apesar de não querer que você engasgue como eu o fiz certa vez. Não fique brava comigo se isso acontecer. Será meu jeito de ensinar que um momento de doçura sempre vale a pena, mesmo que ele venha acompanhado de nó na garganta.
Nossa Rafa, você é a alma mais poética q eu já vi. Transformar nosso terros da infância numa das coisas mais doces do mundo!
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