quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

O mundo pode ser colorido.

Faz um calor de Senegal nessa cidade, minha flor, espero que dentro da barriga da sua mãe você não sinta. Aliás, passei um tempo dessa madrugada olhando para você aí dentro, não sei se percebeu.

Velei o sono de vocês duas no silêncio da noite, no escurinho, até eu conseguir pegar no sono. Sabe, sua atual casa é bem redondinha, tem formado de uma bola de capotão. Acho que deve ser confortável. Às vezes eu a beijo e acaricio torcendo para que você sinta o afeto excessivo que transborda de minha pele.

Quando acordamos hoje, não tive vontade de vir trabalhar. Queria continuar ali contornando a barriga com meu olhar, desenhando ao seu redor linhas imaginárias de belezas.

Hoje eu queria falar justamente sobre isso: belezas. Luiza, durante a vida muita gente vai tentar convencer você que o mundo é feio. Olha, ele realmente é repleto de coisas ruins. Mas aprendi, podemos guardar conosco todas as lindezas que existem.

O mundo é do jeito que a gente vê, meu amor. Por exemplo, onde muitos viram uma cebola, Neruda viu poesia. Manoel de Barros já escreveu sobre formiga. É a prova de que até as coisas mais elementares podem deixar a vida especial.

E se um dia, minha querida, você ficar descrente disso tudo, olhe nos olhos da sua mãe. Lá mora toda a beleza do mundo.

Um comentário:

  1. A beleza é separar o que é o feio do que nos faz bem. Isso é o belo. Parabéns!

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